Épico da alma nua II

tolos relógios que não voltam

tempo em estado bruto e eu tão pequena

o passar dos pedaços do que ainda não fui

como uma ópera encenada até o final

incidentais tocam o nada, morrem em mim.

hora por hora, olho por olho.

insolente quando sangra tardes nuas

tece indiferença feita do aço das sedas

debulha a alma nos calendários

afundando insultos no esquecimento

baixo, solene e cru beije-me então.

para que eu volte de vez para as asas

porque o tempo tem duas faces

entre o luto e as garras

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 29/04/2019
Código do texto: T6635053
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