Arranca-me o mundo como quem sussurra bondades

faz-me sentir o vento

a resposta para o tremor das folhas

faz o tempo passar pela madeira e o ferro, como um filhote sem rumo.

fala-me do sol, do mar.

acenda uma vela na solidão

deixe-a queimar até iluminar as sombras

traz a fé escondida nos olhos corados de cada criança

escureça o último rio

tire com as mãos o velho grito da palavra

como se fosse uma escritura sagrada

restaurada por notícias do jornal

traz o pão e a manhã, espalhe-os pelo chão...

evoque um lugar mais calmo na fotografia

traga-me o batom para registrar nos lábios a solidão de um segredo

arranca-me o mundo, enquanto sussurra bondades.

deixa escorrer sua fúria completa

durma então, como o silêncio que beija uma face.

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 28/04/2019
Código do texto: T6634054
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