Arranca-me o mundo como quem sussurra bondades
faz-me sentir o vento
a resposta para o tremor das folhas
faz o tempo passar pela madeira e o ferro, como um filhote sem rumo.
fala-me do sol, do mar.
acenda uma vela na solidão
deixe-a queimar até iluminar as sombras
traz a fé escondida nos olhos corados de cada criança
escureça o último rio
tire com as mãos o velho grito da palavra
como se fosse uma escritura sagrada
restaurada por notícias do jornal
traz o pão e a manhã, espalhe-os pelo chão...
evoque um lugar mais calmo na fotografia
traga-me o batom para registrar nos lábios a solidão de um segredo
arranca-me o mundo, enquanto sussurra bondades.
deixa escorrer sua fúria completa
durma então, como o silêncio que beija uma face.