O último degrau
A vida é um tempo válido que passa
Entre a escuridão e a temperança
Sigo em pensamento pelo deserto da alma
Vejo no sonho uma angústia profana
Num olhar distante em léguas
O caminho vai até o último degrau
Onde o sol interage com a noite
A vida é um tempo que prossegue
Na parte isolada e excêntrica
Sem pressa vou pontuar meu pranto
No meu corpo vai a essência do prazer
Ando léguas em pensamentos sem sombras
Longe do passado a idade dobra a hora
Fico em silêncio num mundo estreito
Quem sabe em algum tédio partido
As lágrimas sorrateiras desfiam meu pranto
Suga a chama vazia em escalas
Por onde passa a evidência nítida
De um som versificado e belo
Na elegante feitura de uma carícia
Nos versos encontro o meu refúgio
Minha página se espalha na ausência
Colo meu gesto ao vulto que passa
E sigo de volto ao último degrau
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