Autoconsciência é divã

Autoconsciência é divã

Sento no meu divã,

E espero que o meu clone bem arrumado,

de cabelo cortado [ou não], apareça,

Se sente ao meu lado, plácido ou entendiado,

E com olhar de pena para a minha tristeza,

Minh'alma, ''se'' existe, é um vazio lago,

onde eu brinco que sou o rei de tudo,

Sendo um zé ninguém simpático, ''até'' por formiguinhas trabalhadoras, cidadãs de bem, pois é..

Enquanto eu me rebelo, os meus gritos, apenas eu que escuto,

Sinto uma fraterna amizade por essas coisinhas superpoderosas, levando embora folhas, outras formigas mortas, inconscientes que vivem num reino de tirania,

Porque são escravas da natureza,

Nós, da esperteza,

Somos os primeiros a sentir os grilhões dessa prisão,

Pela melancolia,

O meu psiquiatra, que sou eu, fora de mim, uma voz baixinha que matuta conspirações e força reflexões aos meus ouvidos de dentro,

Finge sobriedade e atenção,

Fica espantado com tamanha histeria de sentimentos,

E pede apenas para eu me calar,

E me convida a sentir um pouco o meu próprio silêncio...