Eco do nada absoluto

Ecoa ferozmente o nada absoluto.

Será, talvez, insólito o sonho que o peito abriu,

como uma rosa abre e fede e espalha?

Memórias tão certas quanto o sono da noite passada.

Sempre o nada a prevalecer:

a lua é grave

e sua gravidade

suplanta as matemáticas,

alimenta os físicos.

Venho do crepúsculo

e fico abaixo da lixeira.

Nem o eco das dores.

Falando com os ossos:

amanhã o que passará?

Um passarinho.

Este raro prazer que é confundível com a vida

é noite, vence-me o Absoluto.

A pele completamente digerida.

KONSTANTINOS KAVÁFIS

...partindo para Ítaca, a viagem longa,

trago Poseidon no bolso esquerdo

e o que tenho na testa é outra testa

cheia de pensamento.