O fio da navalha
É só mais um aperto
Eu sei que ele confessa
Mas a força eu não sei ao certo
E o parafuso atravessa
Nunca fui bom com brincadeiras
Se sarcasmo alheio pode ser considerado assim
O inimigo é certo do outro lado da trincheira
Mas infiltrado não fica claro para mim
O problema não é pequeno
Para isentos me sinto carregando bandeja de cristais
Mas o que não falo vira veneno
Verdades martelos para desvios comportamentais
Assim tem quem se salva por um triz
E no momento seguinte morre por motivo banal
Mas quem sou eu para ser juiz
E querer dar lição de moral?
No considerar valores como fundamental
As vezes pareço um mago
De uma amizade cristal
Sou o dono do estrago
Mas testam fronteiras da sua desumanidade
Não consigo ficar quieto
Equilibrista esta amizade
Entre valores e o afeto
Eles têm uma tentação pelo desconhecido
Mesmo deslumbrando uma besta fera
Na mente, nada para além do umbigo
Não existe horizonte para quem não acredita na esfera
Então brigo para que não façam isto
Me equilibrando nesta navalha
E xingo, ficando parecido
Com o que me causa a repulsa nos canalhas
Porque argumentos seriam pérolas para porcos
A sua falta de discernimento é de todos sabida
Juízo e noção jazem mortos
Numa mente onde a inteligência é comprometida
Às vezes me entristece uma amizade perdida
Mas perdida já estava quando escolheram o lado dos fortes
Brigar pelos fracos é minha decisão de vida
Neles a crueldade do coração é ferimento de morte