Periscópios! – III
Bateu ladeira, chutando papel no chão por hora,
Frasco de desodorante vazio, tantos plásticos dentro,
Água de galão por preço módico, feito encomenda,
Vasilha na entrega a domicílio, assepsia bucal,
Ensimesmados pelas agruras do outro cotidiano,
Vidraça abjeta para escondidos atrás da cortina,
Apenas fumaça de onde nem mesmo fogo há, lógico,
Estica a letra além do assunto, vésperas agudas,
Agulha que nada costura, descompassos derradeiros,
Outras formas de fugas, muito além do Jardim,
Fantasia mais do que realiza, chora na contramão,
O último cachorro passou correndo pelos fios,
Por toda a extensão, atrás do gato imaginário,
Acordou novamente, já estava mais do que vazio,
Dos barulhos que escutava, o do estômago era maior,
Abriu a porta de cara com a ladeira, mais papéis,
Tudo que juntou algum valor ainda terá, sim,
Para conversar com alguém, além de você mesmo,
Todas as retóricas embutidas num trem fantasma,
Parece mais um grito que a noite também traz,
Para onde foi parar aquele sorriso no espelho?
Ainda rindo da própria piada na parede pintada,
A Lua piscou revelando alguma chuva para hoje,
Talvez mais tarde, amanhã, no dia seguinte!
Peixão89