Periscópios! – III

Bateu ladeira, chutando papel no chão por hora,

Frasco de desodorante vazio, tantos plásticos dentro,

Água de galão por preço módico, feito encomenda,

Vasilha na entrega a domicílio, assepsia bucal,

Ensimesmados pelas agruras do outro cotidiano,

Vidraça abjeta para escondidos atrás da cortina,

Apenas fumaça de onde nem mesmo fogo há, lógico,

Estica a letra além do assunto, vésperas agudas,

Agulha que nada costura, descompassos derradeiros,

Outras formas de fugas, muito além do Jardim,

Fantasia mais do que realiza, chora na contramão,

O último cachorro passou correndo pelos fios,

Por toda a extensão, atrás do gato imaginário,

Acordou novamente, já estava mais do que vazio,

Dos barulhos que escutava, o do estômago era maior,

Abriu a porta de cara com a ladeira, mais papéis,

Tudo que juntou algum valor ainda terá, sim,

Para conversar com alguém, além de você mesmo,

Todas as retóricas embutidas num trem fantasma,

Parece mais um grito que a noite também traz,

Para onde foi parar aquele sorriso no espelho?

Ainda rindo da própria piada na parede pintada,

A Lua piscou revelando alguma chuva para hoje,

Talvez mais tarde, amanhã, no dia seguinte!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 22/09/2007
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