Vestido pintado
dure o tempo fugidio entre a água da louça
e a chuva que dorme no cano da pia
(longo demais para ser verbo)
passe a noite inteira em meu céu
decompõe o nu das estrelas.
o despenhadeiro da janela no mármore bruto das horas.
a dor desaparecida dilacera o resto do pensamento.
dobro então, o silencio por baixo da porta.
aspiro à noite sob o negro dos olhos
entorno a pele no vestido pintado
(dentro de um pincel que inventei)
enquanto fugimos para outro poema,
vendo as palavras passarem (...)
o resto é vaidade.