E o trovão segue o relâmpago, ordem normal
Quando a chuva desaba, eu, íntimo e animal
Escavo o poço dos desejos e e me vejo
Nú e assaltado, sem tesouro nem cabedal.


A floresta em que se perdeu minha percepção
Tem árvores frondosas, os séculos a forjaram
Bem antes que eu abrisse os olhos ao racional.
Tento preservar em mim este instinto,
A possibilidade de ser mais humano e natural.


Meus amores me circundam, deusas fantasmais
Amar é sempre um salto no escuro, amar é
Deixar de se crer único para ser muitos mais.


O trovão do meu silêncio, chuva abençoada
Interrompe a aridez, encharca a madrugada...


Meu amor está dormindo, em paz repousada
Enquanto o reino da lembrança se instala
Sobre o que é tudo e provavelmente nada.


Crédito da imagem: http://gaea-metro.blogspot.com/2011/04/raios-relampagos-e-trovoes.html