PRA QUANDO EU SAIR DE CENA

Quando eu sair de cena

quero ter feito minha lição de casa,

quero ter deixado boas pegadas,

quero ter deixado frutos felizes.

Quando eu sair de cena

quero ter virado meio sábio, meio lastro,

meio verso, meio suor, meio gente,

meio fé.

Quando eu sair de cena

quero ter aprendido a perdoar,

a ver sem enxergar, a desencardir os

panos de chão das minhas verdades.

Quando eu sair de cena

quero ter tido pitadas de felicidade,

de paz, de carinho, de amor fraterno.

Quando eu sair de cena

quero ter conhecido minha plateia,

minhas ferrugens, meus tombos,

meus berros, meus pesares.

Quando eu sair de cena

quero ter recolhido do chão meus lixos,

minhas bênçãos, minhas angústias,

minhas farsas, meus desenganos.

Quando eu sair de cena

quero estar untado de alegrias,

de gozos, de certezas,

de vãos de luz,

de afagos anônimos a granel.

Quando eu sair de cena

quero ter deixado escritos que animem,

que acudam, que fecundam,

que permeiam, que façam sonhar,

que cubram de paz todo meu redor.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/04/2019
Reeditado em 17/04/2019
Código do texto: T6625391
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