ERMO
É aquela coisa,
não sou muito bom
em externar emoções.
Passo por tudo
de mais fascinante
ou lastimável
com o mesmo peso frio
dos passos
tardios e sem por quê
de um mendigo experiente.
Quando sorrio,
não sou eu.
Quando brigo, não é o meu ódio.
Quando abraço,
não estou lá.
Meu beijo não enternece
nem busca despertar coisa alguma.
Abrir a lata de cerveja
e observar uma velha árvore
aos poucos vai se tornando
mais interessante
do que buscar o seu sentido,
mais importante
do que pensar ou escrever.
Permanecer vazio
se tornou mais simples,
mas não menos doloroso.