A Queda.
Minha querida, eles feriram você.
E queima, queima engolida pelo fogo de Prometeu
Frágil na impotência de sua dor
Consumida até as cinzas
Tu que viste bruxas e anciões
Padres e corcundas
Ciganas e gárgulas
Dançando no Rio Sena.
Minha querida, tu vives em meu coração
Nunca a toquei mas te ergueste dentro de mim
Soturna em minhas orações
De murmúrios incoerentes
Minhas fiéis canções.
Não há beleza, minha querida, na fumaça negra que te engole
Nos sonhos perdidos do escritor
Nas gárgulas que derretem de volta na lava infernal.
Rogo que tu permaneças, minha querida,
levemente egoísta, como um esqueleto erguido no céu
Os resquícios da Torre De Babel.
Quão bela, minha querida, indestrutível
Sob os cavaleiros das cruzes vermelhas
A espada do revolucionário
A caçada às filhas de vênus
Mas em um mundo desprovido de alma, abraçada pelo fogo
o único capaz de destruir
Então levantar-me-ei e erguerei as mãos
E aplaudirei uma última vez
A queda da Babilônia.
Tu serás enterrada, minha querida, com os resquícios de Meggido
Catacumbas de outrora
As cinzas serão levadas pelo vento
das imagens dos santos
derretidas.
Erga-te e aplauda
Bata os tambores
A torre está caindo.
Ajoelhe-te
Ante a grandiosidade em chamas
Mas eu nunca, nunca me direi adeus
Tu sobreviveste, afinal
No único lugar que o fogo não se alastra, mas existe
O fogo de minha alma
Queimando como uma tocha sem fim
Tu sobreviveste, Notre Dame de Paris
Na cidade onírica
De meu Coração.