A Queda.

Minha querida, eles feriram você.

E queima, queima engolida pelo fogo de Prometeu

Frágil na impotência de sua dor

Consumida até as cinzas

Tu que viste bruxas e anciões

Padres e corcundas

Ciganas e gárgulas

Dançando no Rio Sena.

Minha querida, tu vives em meu coração

Nunca a toquei mas te ergueste dentro de mim

Soturna em minhas orações

De murmúrios incoerentes

Minhas fiéis canções.

Não há beleza, minha querida, na fumaça negra que te engole

Nos sonhos perdidos do escritor

Nas gárgulas que derretem de volta na lava infernal.

Rogo que tu permaneças, minha querida,

levemente egoísta, como um esqueleto erguido no céu

Os resquícios da Torre De Babel.

Quão bela, minha querida, indestrutível

Sob os cavaleiros das cruzes vermelhas

A espada do revolucionário

A caçada às filhas de vênus

Mas em um mundo desprovido de alma, abraçada pelo fogo

o único capaz de destruir

Então levantar-me-ei e erguerei as mãos

E aplaudirei uma última vez

A queda da Babilônia.

Tu serás enterrada, minha querida, com os resquícios de Meggido

Catacumbas de outrora

As cinzas serão levadas pelo vento

das imagens dos santos

derretidas.

Erga-te e aplauda

Bata os tambores

A torre está caindo.

Ajoelhe-te

Ante a grandiosidade em chamas

Mas eu nunca, nunca me direi adeus

Tu sobreviveste, afinal

No único lugar que o fogo não se alastra, mas existe

O fogo de minha alma

Queimando como uma tocha sem fim

Tu sobreviveste, Notre Dame de Paris

Na cidade onírica

De meu Coração.

James Ravencliffe
Enviado por James Ravencliffe em 15/04/2019
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