Vital
Amo o modo como reinventas
o mesmo
O modo como enlouqueces
a esmo
Ou mesmo como entristeces
de repente
Cortando ao meio a gargalhada
Amo como ris
de tudo
Ou como choras
do nada
Amo-te na contramão do tempo
no modo como tornas eterno
cada momento
E de olhar o anelar de teus olhos
nunca me canso
Danço a perseguir teus pensamentos
ou teu ritmo
Sempre a superar-me quando os assumo
compreendidos
Mas não te prendes
a nada
Do nada, francamente, figura-me
que foges
És chama furtiva que fere
e cicatriza
Brisa fresca da manhã
que arrepia
Perfume que se destaca
da multidão
Olhos de esmeralda perdidos
em meio ao nada
Beijo de rútilo batom que se prendeu
à taça
Na tua leveza lépida despojas-te
de tudo
E o que pensa estar contigo
te persegue
O que pensa dominá-la
é demente
O que pensa compreender-te
só te sente
O que pensa possuir-te
delira
És furtiva, leve e vital como o ar
que se respira
D.S.