NÚMEROS (*)
Números, estatísticas da pobreza,
representantes mudos da realidade,
expressão simbólica, és fria alteza
a revelar nossa omissa fragilidade.
Eternos, insensíveis, reais significativos
a retratar o universo milenário,
em termos, invisíveis, leais representantes,
a maltratar o vil verso proletário.
No homem cuja razão o personifica,
tua vida pulsa em forma de aplicação;
és, portanto, a concretude da vida, repressão...
Repressão que o homem quantifica,
numa oferta de pura gratidão,
sempre aberta na dura imensidão.
(*) Publicado na obra do autor PEDAÇOS DE UMA EXISTÊNCIA (Litteris, 1999).