NÚMEROS (*)

Números, estatísticas da pobreza,

representantes mudos da realidade,

expressão simbólica, és fria alteza

a revelar nossa omissa fragilidade.

Eternos, insensíveis, reais significativos

a retratar o universo milenário,

em termos, invisíveis, leais representantes,

a maltratar o vil verso proletário.

No homem cuja razão o personifica,

tua vida pulsa em forma de aplicação;

és, portanto, a concretude da vida, repressão...

Repressão que o homem quantifica,

numa oferta de pura gratidão,

sempre aberta na dura imensidão.

(*) Publicado na obra do autor PEDAÇOS DE UMA EXISTÊNCIA (Litteris, 1999).

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 12/04/2019
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