SEM NOME

Como se chama esta fúria que emana

que emerge meio santa meio cigana

que aumenta as garras, o calor e a força

quando me adoço com o mel da tua boca

e alago todo o teu recato, toda a tua poça

onde nos transbordamos em longos gemidos

infinitos? Que obriga que a gente se contorça

nesta cama — território feito fosse o paraíso?

Como se chama esta erosão repentina

que abre tua fenda outrora escondida

que elimina tenente os nãos do vocabulário

quando me visto com o teu suor almiscarado

e trafego éter sobre teu corpo, teus cálices

onde nos derretemos em longas soldagens

ardentes? Que decreta o fim das miragens

neste antideserto — reino dos mil oásis?

Como se chama esta coisa sem nome

esta dor às avessas que nos consome?