MIL TEXTOS
Quando cheguei aos quinhentos,
Eu já achei de bom tamanho
A minha coleção de textos,
Mas, então, novos pensamentos,
Novos sentimentos serviram de pretexto
Para que eu me impusesse novo desafio...
Vou até mil, pensei e continuei
A derramar o que me vinha na mente
Nos meus contos, versos, meus poemas...
Houve épocas em que me faltava o tema
E eu diminuía a frequência,
Mas com insolência, as poesias surgiam
Chorosas ou zombeteiras,
Na minha frente, inesperadamente,
Fazendo a maior zoeira...
Já estou quase lá...
Já tenho mais de novecentos textos.
Pensei em parar... dar um tempo
Pra cabeça refrescar...
Quem sabe mudar meu estilo
E somente escrever e publicar aquilo
Que eu realmente ache muito bom.
Só não sei se vou conseguir...
Escrever pra mim virou vício, mania.
Quando não escrevo, como magia,
Aparece uma tresloucada poesia
Que fica conversando comigo,
Dentro da minha mente perturbada e doente...
Fazer o quê? Grosseiramente,
Seria como precisar ir ao banheiro
E prender... Não deixar sair...
E isto elas, as poesias, não vão permitir.
Vão explodir minha cabeça,
Até que eu aquiesça
E volte a escrever... fazer o quê?
Ouvindo Salvador Sobral - Amar Pelos Dois