ACASO E SUPERSTIÇÃO

ACASO E SUPERSTIÇÃO

por Juliana S. Valis

Um dia poderemos estar

frente a frente ao acaso,

Esperando que algum milagre

Eventualmente nos salve

 de nós mesmos...

E, ainda que não tenha lógica,

O sentido da vida continuará náufrago

Nas ilhas de alguma utopia incerta,

Por vezes, ilusória como o tempo,

Outras vezes, real como a fome

De afeto, de comida, de teto,

De qualquer coisa que seja humana

E, contraditoriamente, divina...

De toda sorte, a vida é incerta,

cruzando com os mistérios de outras vidas,

De perto ou longe, quantas ideias e sonhos

Continuarão, no mundo, distantes ?

Talvez errantes como incríveis estrelas

De outras galáxias no universo....

E, assim, quando estamos bem,

Cultuamos nosso sol, nosso ego,

Quando estamos mal, culpamos alguém,

Algum delírio da vida e do mundo,

Algum místico infortúnio sem rumo

Que veio nos atravessar...

Mas dizem alguns que não existiria "acaso",

E que tudo teria um sentido e lugar,

Já outros dizem que o misticismo é raso,

E que nós fazemos a vida funcionar,

De um lado, o critério instigando os céticos,

De outro, o mistério onde a superstição chegar...

Assim, talvez a conclusão da alma

se existir, seja a contradição,

O paradoxo da emoção sem calma

E da razão sem freio,

Buscando algum meio termo

Entre a ilusão e a realidade,

Entre a intuição que invade

Os mistérios da vida, do amor e do mar,

E os tantos impostos do mundo,

Que nada nos deve, no fundo,

mas tudo não hesita em cobrar.

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