PERDÕES TRAVESTIDOS DE PORÉNS
Têm perdões que são aves de rapina
vilões nas suas rendas, nos condados,
perdões travestidos de poréns.
Nesses poréns desfigurados,
de paredes ocas, de alma seca,
revertem seus gostos em tramas bizarras.
São perdões sem lar, sem trava,
que se rebelaram dos seus donos
e refizeram seus cordões, seus ríspidos agudos.
Nesses perdões mandões, esquivos,
ressabio as nódoas perdidas da minha dor,
as mesmas que outrora destrinchei aflito
pedindo uma corda de salvação.
Agora me vendo perdido nas câimbras da vida,
refogo esse perdão num coaxar qualquer.
Resvalo, então, as fronhas surradas que jazem lindas,
as mesmas fronhas que me adentraram à alma
e deixaram meus frutos acobertados,
para num pestanejar solitário voltarem a sorrir
como nunca sorriram antes.