Quando  sinto





Acordar para um dia calmo, bonito,
tão cinza, tão sol,
tão sorridente assim à me chamar.
Roupas no varal, o chão molhado,
o cheiro da terra,
as plantas agradecidas, sem que eu as regasse,
foi a chuva...
Perguntei aos céus o porquê.
Porque será que eu gosto tanto,
tanto da chuva,
porque gosto tanto de sol, tanto da vida,
porque não consigo esquecer você!
De tanta emoção,
senti uma vontade imensa de chorar...
Chorei,
pela esposa que viu o seu marido partir
sem se preocupar com o seu amor.
Senti,
ao lembrar dos famintos pelas calçadas,
sem alimentos, sem terem para onde ir.
Chorei pelas crianças, sem os pais,
chorei por tudo o que não volta mais.
Quando sinto, 
não é tanto por mim, mas, pelo mundo,
tão perfeito e tão injusto.

Fechei os meus olhos,
e fiquei pensando...
Pensando e sentindo.

Ao abrir os meus olhos, sequei minhas lágrimas,
vi uma borboleta passeando, sob o  brilho tímido do sol
ora vindo, ora recuando às nuvens cheias de chuva.
Ela tão linda, bailava pelo quintal, como se não houvesse
risco da chuva ameaçar as suas belas asas,
tão inocente, tão pura.
Uma felicidade me invadiu.
Sem mais lamento, entrei em casa,
sentindo uma felicidade imensa por fazer parte de tudo isso.
Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 07/04/2019
Reeditado em 08/04/2019
Código do texto: T6617503
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