VAMOS À LUTA
Vamos à luta
embebidos de raça
entretidos na folia do querer-bem.
Vamos à luta
aguerridos de sonhos,
caramelados de fé,
extasiados e desagoniados
atracados num convés dourado,
nessa nau soturna chamada vida.
Vamos à luta
nos desmanches dos medos,
nas querelas aguçadas à cata do chão,
ondas embrigadas nessa orquestra linda.
Vamos à luta esmerilhados, desnudos,
em versos toscos salpicados de ar
castas agonias ariscas e fugazes.
Vamos à luta
dissecando o tempo, a mata, o luar,
gritando aos ventos que estamos aqui
salpicando nossas pegadas com rusgas anônimas
sendo o que somos com todas farsas,
com todos acordes que pudermos laçar.
Vamos à luta puídos,
envergando fuligens amenas
querendo mais e mais de colo,
de mama vazando leite,
de pé formigando vitórias.
Vamos à luta rendidos
sem as aspas do talvez,
sem os vetos tosco da alegoria,
sem as castas estremecidas da minha unção.