Torque
a força sempre pode recomeçar
aprender a ser útil é se matar
senão, alguma parte apodrecer
ao menos algum motivo esquecer
clareza para trincar os copos
decompor-me para o que eu ligo
é só um temporal
há um universo para falhar
três paradoxos para sonhar
e uns pedágios para burlar
ainda pensei que as conjunções nos salvariam
porém, pelo visto as condições soluçaram
por toda essa súplica sem réplica
depois de cem léguas
sem tréguas
de passos fora de compasso,
mágoas longe do maço
e ritmos sem métrica
o suficiente para convidar
uma cegueira crônica,
duas trocas térmicas
e sete tragédias cômicas
comigo
tudo aquilo que a insônia
adormece tônica
e a certeza amanhece em dúvida
por causa daquelas vozes inóspitas
que traduziam todas minhas lágrimas
em uma única função última
o ultimato para a janela quebrar em pedaços
e o vidro quebrar a tensão
dos meus olhos focados na paisagem
bem longe da tua direção
mas na dimensão
de eclodir todos os astros
ou será de brindar com os mortos?
talvez de avisar os vivos
tudo o que os antigos anotaram em suas costelas.