PÃO DE POUCOS (BRASIL CONTEMPORÂNEO) (*)

Banquete de povo pobre,

festa de trapos, abutres,

cheiro fétido que cobre

a vida suja d’ilustres.

Malvadeza, besta nobreza

usa cegueira forjada:

só vê rico, não pobreza,

qual fedentina enojada.

Lugar, mundo-cão tristonho,

merda, fedor tão medonho,

foto de povo aflito!

Rastro, cenário da morte,

para milhares sem sorte,

pátria: lugar de conflito.

Salvador, década de 1990.

(*) Integra a obra do autor PEDAÇOS DE UMA EXISTÊNCIA (Litteris, 1999).

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 05/04/2019
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