PÃO DE POUCOS (BRASIL CONTEMPORÂNEO) (*)
Banquete de povo pobre,
festa de trapos, abutres,
cheiro fétido que cobre
a vida suja d’ilustres.
Malvadeza, besta nobreza
usa cegueira forjada:
só vê rico, não pobreza,
qual fedentina enojada.
Lugar, mundo-cão tristonho,
merda, fedor tão medonho,
foto de povo aflito!
Rastro, cenário da morte,
para milhares sem sorte,
pátria: lugar de conflito.
Salvador, década de 1990.
(*) Integra a obra do autor PEDAÇOS DE UMA EXISTÊNCIA (Litteris, 1999).