INERME [FLEUMÁTICO]

A felicidade é um estado de espírito,

Alguém já disse, murmurou,

Ou talvez esteja escrito

Nos livros que estudou.

É singular (em desnível) a pista

Para aonde rumam todos:

Juiz, engenheiro, artista

E, comumente, os tolos.

Parte deles que prossegue nem sabe,

Calor, amor, liberdade eles pedem

Outros, sucesso, refúgio, regalo

Conquanto o desejo seja falho

Avançam sem se dar conta

Que suas veleidades de prazer,

De considerável monta,

Podem os abater.

A interior cobrança,

Os contínuos desafios,

O satélite da vingança,

Dos amores o atrito

Mitigam a poesia

Laceram-na

Quando já caída.

Expelem-na

Em aspereza,

Em azedume

Assim não assumem

Que amor é delicadeza...

Meu espírito está desarmado!

O mundo é uma farsa

Sempre o foi e não passa

De etiqueta, praxe, estandarte.

Olha, essa ideia de embate

Não combina com seus traços

Esse grito coibido, envenenado

Não é plenitude nem sabedoria...

Que guerra é essa que você lutaria?

Meu espírito está desarmado!

Não sou soldado nem tanque.

Contra a dor que a sangra

Eu me farei (seu) estanque

Empresto-lhe minha garganta

Se lhe finar a voz.

E não haverá mais prêmio,

Guerreiro atroz

Alcóolatra ou abstêmio

Vencedor e vencido

Apenas versos afinados

Em grande estilo,

Afinal meu espírito está

[desarmado!

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 05/04/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6616325
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