TERNURA AGACHADA
Quero uma mulher
de faíscas a desvendar,
de cheiros a tatear,
de gostos a domar.
Quero uma mulher
tantos sonhos a cumprir
rendas a caramelar
vãos a acudir.
Quero uma mulher
despenteada na alma
rude nos encantos
repleta nos quereres.
Quero uma mulher
de ferrugens anônimas
de suores safados
de certezas raras.
Quero uma mulher
que encante ao ancorar
que atice ao acordar
que orgulhe ao compartilhar.
Quero uma mulher
de desenganos loucos
de ternura agachada
de saudade bendita.
Quero uma mulher
que desarme meus gritos
que soerga meus devaneios
que entrelace meus encardidos.
Quero uma mulher
que veja nua mesmo vestida
que veja rebanho mesmo solitária
que veja minha mesmo do mundo.