MINHA CRIANÇA

Ele chegou!

Limpei-lhe o sujo rosto em lágrimas. Dei-lhe chinelos e chão.

A cada dia, o alimento a tempo e a hora. Aquele que entorpece o corpo e restaura em sorrisos o brilho da alma.

Meu seio em doce leite o saciou. Ao ter sede, precisei mergulhar em outras fontes.

O filho era feito das entranhas da vida que do meu útero fez morada. Hera, alma errante infiltrada no meu ser.

Sutil predador, levou fio a fio o meu casulo para tecer em seda os seus delírios.

No lindo invólucro em que guarda a sua essência, a matéria de outro tempo deteriora em miasmas a oportuna idade.

Entretanto...

Minhas mãos continuam plenas de carinho e outros pés encontraram o meu chão.

Minha despensa está farta e, só de pensar no amor que tenho, leite quente do meu seio transborda!

Meu ventre é morada de infinitas cores que desprendem-se em poemas alados de minha alma, deserto adubado com os seus restos.

Tempo... Idade oportuna!

Olho em meu ventre novo corpo em nobre essência. Mística luz transparente, filha predileta do amor: liberdade!

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 03/04/2019
Reeditado em 03/04/2019
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