O encontro
E sob o sol da tarde
Entre as frestas que a árvore refletia
Ela acenava à espera de ser notada
Os olhos brilhavam como se fossem estrelas
O coração palpitava quase lhe saindo pela boca
Das mãos trêmulas escorriam o hidratante de pêssego (tão doce feito ela)
A respiração ausente era aspirada nervosamente
Tudo isso na fração do segundo
Sorriu como criança que ganha doce de vó
Era dela o momento
Desde o dia em que trocaram a primeira mensagem virtual
Esperava aquele encontro
Arrumou-se toda como quem queria impressionar a si
Cabelos lisos esvoaçantes torneavam o seu rosto
A roupa clara era uma forma de dizer “estou em paz”
Era a estética perfeita refletida pelo luz do sol
Do outro lado vinha ele
Cabisbaixo, tímido e sem traquejo
Com uma carta na mão olhava pra ela
Mas estava sem rumo
Ressabiada ficou e finalizou o aceno
Engoliu o sorriso como se fosse à força
Revirou-se numa postura de decepção
E encontrou na mão o seu cumprimento
Antes que ela soltasse
Aquilo que não cabia no peito
Deu vida a voz do menino
Que não hesitou em trejeitos
E sem nenhum comentário deu-lhe a carta
E se foi
Daquele momento em diante
O peito nem lhe cabia
Buscou no alto um horizonte
Perdeu seu dia
Na praça, jogada ao chão
Leu o seu testamento
Não tinha carta de amor
Era uma sustentação de lamento
O homem que a tirou do chão
Vivia num casamento
Depois de ler a tal carta
Coração desfalecendo
Foi subindo aquele morro
E a Deus agradecendo
Aquela falta de encontro
Era o seu livramento