Traduzir-se

A vida é uma busca de Si

Da parte em que conversam-se e entendem-se numa só ciranda

Todas as partes

E há?

Deve haver

Em algum poema de vida

Em alguma esquina de alguma equívoca curva em trilha alguma por onde percorrem errantes pés meus que seguram meu corpo que segura meus braços que seguram rosas e pás e seguram qualquer vestígio de guerra e de paz

Deve haver

Tradução de mim em mim

Em algum ombro que cansado de culpa: a transcende

E eterniza-se inerte depois de viver o sentimento do mundo e sepultar versos e perder de si todas as palavras criadas para e de si

Depois de vencer o ódio e o tédio e a pressa de chegar em lugar nenhum

E a fúria de, ali, encontrar o nada.

(sabia, sempre soube, que seria o que encontraria no lugar em que poderia-se encontrar qualquer coisa)

Depois de flagelar-se de todo o pecado sem substrato

(castigo que é sua própria flor de redenção e náusea

Nascida do ventre celestial do espírito que imerge na doce água da ignorância

Que é doce. É bela. Traz gozar de sutil prazer de quem não vê e contenta-se disso.

Mas é turva. Aprisiona em eterno ciclo de maniqueísmos viciados e torporosos de onde se não saí e onde se deleita em ninho de dores por si mesmo criado e perenizado)

Navego pelo mundo

Antes como uma forma de encontrar-me comigo mesma.

Antes como forma de tangir as pontas dos dedos e com elas lançar-me como estrela que escorrega o firmamento

Até afirmar-se

Em peremptória solidez do que não perpetua-se em bailado de dissoluções efêmeras e incontinentes e irresolutas

Na Eterna Fonte da Verdade

Que se não carece razão ou leitura

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 02/04/2019
Reeditado em 27/04/2019
Código do texto: T6614100
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.