Traduzir-se
A vida é uma busca de Si
Da parte em que conversam-se e entendem-se numa só ciranda
Todas as partes
E há?
Deve haver
Em algum poema de vida
Em alguma esquina de alguma equívoca curva em trilha alguma por onde percorrem errantes pés meus que seguram meu corpo que segura meus braços que seguram rosas e pás e seguram qualquer vestígio de guerra e de paz
Deve haver
Tradução de mim em mim
Em algum ombro que cansado de culpa: a transcende
E eterniza-se inerte depois de viver o sentimento do mundo e sepultar versos e perder de si todas as palavras criadas para e de si
Depois de vencer o ódio e o tédio e a pressa de chegar em lugar nenhum
E a fúria de, ali, encontrar o nada.
(sabia, sempre soube, que seria o que encontraria no lugar em que poderia-se encontrar qualquer coisa)
Depois de flagelar-se de todo o pecado sem substrato
(castigo que é sua própria flor de redenção e náusea
Nascida do ventre celestial do espírito que imerge na doce água da ignorância
Que é doce. É bela. Traz gozar de sutil prazer de quem não vê e contenta-se disso.
Mas é turva. Aprisiona em eterno ciclo de maniqueísmos viciados e torporosos de onde se não saí e onde se deleita em ninho de dores por si mesmo criado e perenizado)
Navego pelo mundo
Antes como uma forma de encontrar-me comigo mesma.
Antes como forma de tangir as pontas dos dedos e com elas lançar-me como estrela que escorrega o firmamento
Até afirmar-se
Em peremptória solidez do que não perpetua-se em bailado de dissoluções efêmeras e incontinentes e irresolutas
Na Eterna Fonte da Verdade
Que se não carece razão ou leitura