Livro das horas

quem sabe o bom amor desbotou preso na fotografia

como um prego morrendo de sede deseja a parede

e uma paz flutuada divida os dois

quem sabe vestida por dentro

planeje a noite aguda

rezada com uma nova saudade

que não dorme enquanto não chego

inebriada de certezas partidas

quem sabe eu seja a venda numa orquestra

alguma espécie de prece ardendo no chão escorregadio

quase em fuga ferida de lume

bata as asas madrugando no teu pensamento

e minha alma de passagem

como vento ofegando através da cortina

morra sem saber que morre

no evangelho dos seus cabelos

como lenços de linho acabados de lavar

leva abismo no ar

farta de soar essa tranquilidade de ser.

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 02/04/2019
Código do texto: T6613668
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