Razão pincelada
trajada de silencio, de volta às mãos, aos pés, à tua nuca
mansamente a noite procurou em seus braços a invisível doçura
não vestia nada além de sua pele sombreada pelo perfume ausente
a razão pincelada, o mudo significado
a pausa no meio da palavra que te sente
o som descendo pelo pincel... saindo pela boca, separando continentes
a rouquidão do verbo amar em seu rosto menino
é uma fé rabiscada
são os dias que mais queimam a realidade
que a alma da gente só sente e não sabe dizer
teus cabelos entre os dedos
é também uma prece
o infinito que se perde e, tudo se perde junto
como uma porta batendo ao vento
o abrigo das esperas imitando um céu límpido
o abandono de entrar no sagrado
é música que entra pela casa
direta, indistinta, doce e irônica
e não tenho alma para deixá-la lá fora