Meu País...
Assim é o meu país, de tudo e de quase nada
Vaga-lumes que campeiam nas sendas da madrugada
Esperam o raiar do dia, que é pra expor os desejos
Fugir do veneno dos homens, da saga dos sertanejos
Seus filhos vagam sem lume no musgo escarpo das serras
Se protegendo nas fendas, dos defensivos da terra.
Assim é o meu país, de histórias de violeiro
De longas estradas rodadas nas solas de caminheiros
Caronas do vento vadio que sopra em qualquer direção
Não montam em lombo de carro nem boléia de caminhão
E botam os pés no caminho, de sol, de chuva ou geada
Destinos incertos caboclos, que mais parecem boiadas.
Assim é o meu país, que esconde a sede da fome
É preto de tanta tristeza e do medo que lhe consome;
Um cacique louco e doente queimado da febre do ouro
Que traz a dor de presente e leva o sangue e o couro
E os curumins, espantalhos, em busca da tal liberdade
Escravizados e cegos se abrigam no breu da cidade.