Abandonado
A minha velhice chegou.
Já não sou mais brincalhão.
Noto o semblante e a expressão
de quem por algo em troca me tratou.
No olhar frio e quase desumano
vejo que darei adeus a esses panos.
Ele só queria proteção e alarme.
Serei trocado por um cão que mais late.
Mas eu, sinto pena desse pobre filhote,
dói em mim essa empatia.
Então, nas ruas terei que ser forte
no aguardo de minha morte,
esperançoso de ser um tanto mais linda
a minha próxima vida.