Queixa
Ouço vozes que depauperam,
falas que enojam,
palavras mordazes,
que ferem qual adaga!
Fatos que assombram...
Sussurros entorpecentes...
Verbos que enlameiam.
Versos que enlodam...
entristecem, titubeiam...
Escuto falares que empobrecem,
enforcam, esfaqueiam, crucificam...
Sinto gritos dolentes a ressoar!
Escuto ao longe o rouxinol,
que cala o hino da cotovia;
assimilo o silêncio alucinante
de inocentes a sucumbirem
em lama ácida que toma o ser,
sangue imaculado a regar o solo.
Ouço o brado da multidão
de sonhos doridos ruindo ao chão,
calando fundo a justiça inglória!