ESTA NOITE
ESTA NOITE
Este manto silencioso purpura
Paira como um cúmulo limbo
Medonha vai se alastrando
Tomando para si
Tudo que se pode alcançar.
Entorno goles de pura saliva
Garganta rançosa á dentro
Liberando o grito roco
Desabrochando a alma
Em revoadas arco-íris.
Desenho minhas próprias mãos
Rasgo meu próprio peito
Arranco meus próprios olhos
Engulo minha própria língua
Costuro tudo novamente.
Tenho de dormir
Jazigo-a madrugada a fio
Numa mortandade religiosa
Sossego escultural vazio
Remanso obliqua macedônico.
O desmaio frenético
Quimeras guardiães
Autoflagelo multou
Repousa em linho puro
És-sou assim branca trufa hibernante
Procurai-me...
Terra firme, 22-03-19
Anna Voegg