GRITO DO SILÊNCIO
Poema de:
Flávio Cavalcante
Às vezes o meu silêncio grita tão alto
Que os meus ouvidos sangram e ardem
A pele faz do arrepio um belo ressalto
As vozes murmuram somem e refazem
Por hora meu silêncio me dá medo
Apavora embaixo do cobertor
Até a chuva em pingos no lajedo
Transforma meu silêncio em grito de dor
Devia parar, ouvir mais e ficar calado
Conseguir me mapear diante do espelho
Vê que o erro em mim está demasiado
E o grau do meu caráter está no vermelho
O difícil é saber ouvir sem argumentar
Nessa hora o meu silêncio é valioso
O correto e sensato é saber esperar
Com o silêncio é certo ser vitorioso
Se o meu silêncio fosse de fato eterno
Mudaria tudo que por fim estava errado
Manda meu grito pro quinto do inferno
Junto com a língua por nunca ter falado