Te escrevi, te queimei aos poucos, no infinito de cada dia, a falta que eu não tinha
nesse teu espelho, molhe os cabelos macios
com jeito de canção, desses olhos, eternos.
estreie a dúvida, no caderno de estudos.
de uma única e, definitiva saudade.
como um copo, no deserto.
brinca de mim, pela sede.
mais uma vez nessa noite
derrama a consistência de todos os calendários
onde tudo começa e dura com você dentro.
no departamento dos juramentos,
te escrevi, te queimei aos poucos
carne da palavra, água de ferver
disparos, nos braços dos zelos.
o gozo e o temor do verbo, todo mar que há.
macula as promessas do vestido
o que está dentro, atrás da pele.
confisca, a areia movediça d’alma.
ronda o céu do quarto, como uma falta inédita
a falta que eu não tinha.
e, o infinito de cada dia.