Imersidão

Uma fumaça sombria

Um cheiro abútrico

Vejo-me imerso nisso

Enojado, persigo uma saída

Em vão

Tantos cheiros que sinto

Névoas

Quase materializadas

São fontes que atravesso nadando

Tal a espessura que me porrifica

Há flores e espinhos

Quero-os para mim

Quem me dera ser autêntico

Cavar a terra imunda

Lançar-me no encalço dos vermes.

Estive me coçando todo

Minha pele se engilha e apodrece

Não tenho nenhum disfarce

No ar, meu olfato só percebe podridão

Há também túmulos caiados de branco

Esses que cheiram mal

Apesar de lindos e marmóreos

No entorno uma cúpula cristalina me esconde.

Lá fora, nuvens brancas

Caulins de máxima alvura

Preciso descobrir esse contraste

Talvez assim encontre a saída.