EL PARAÍSO

O que houve? A lua já apareceu?

As pessoas se olham com ódio

E dentro de mim um desejo por carinho

Talvez os sentimentos mintam neste coração?!

Pois muitas aves bateram asas pro passado

O que houve as estrelas não cantam mais?

Talvez a sintonia entre o espírito e a chuva terminou.

Eu sei que amigos existem, mas um abraço liberta

Talvez os dias expliquem tudo para um cego e surdo!?

Os ventos levem para perto de alguma coisa um beijo

Pois olhar nos olhos dos outros é labirinto e fogo

Não espero que as ondas deste oceano me arraste mais...

Eu fico apenas a contemplar um novo sol sem mentiras

Pois o que existe no paraíso se não lágrimas do amor?

Eu que nunca fui beijado não entendo a canção de Deus...

Eu que sou virgem não sei o peso do calor em corpo nu.

Pois se os astros ditam destino esse será o meu prazer...

Não sei andar na lua, mas sei que ela houve aqui em mim!

Os amigos são memórias que a nossa história cicatriza

E mesmo que os sonhos sejam egoístas viverá os amigos

Pois quando um amigo fala à nossa memória ele nos vivem!

E olhar as estrelas brilhando não causa mais medo em mim somente mais desejo de ser um, humano...

As pessoas brincam de serem verdadeiras e morrem

O tempo brinca de ser um deus e ele mesmo se torna seu íntimo diabo...

É isso, as verdades brotam das rosas e viram lama nas fezes de um egoísmo tolo e ultrapassado

Pois mesmo que lua houvesse aqui em mim isso seria uma poesia de um pobre fracassado que pensa ser alvo do amor dos seus leitores, esses mesmos leitores são meus assassinos e fiéis algozes desta existência de ser sozinho e sem luar?! Para depois abrandar a lágrima de um, beijo.

Somos navegantes divinizados e esse oceano é profundo e ateu demais de você e mim facultandos sem notas.

Gosto de imaginar que para fazer poesia só basta um peido e pronto! Nasceu um gás de letrinhas que agrada o autor e é repugnante aos neófitos sem minhas verdades ou mesmo de flatulências líricas.

Houve um dia nisso tudo? Houve quimeras e boêmias e noutro tempo existirá donzelas nuas de amor em vinhos...

Quando tudo nesse engodo de perdas e ganhos terminar haverá somente mais dúvidas de uma mesma guerra por orgasmos na paixão que dita as regras do jogo,

Cantemos e nascerá um novo sol exuberante de amores e dancemos que existirá horizontes de um futuro onde todos serão estrelas do íntimo céu e de rebeldes deuses.

Pode parecer que a vida não aceite o leite e algum sustento, mas as vacas voam na nossa fronte ingênua e devemos saber que as tetas das vacas alimentam bons e espertos no ciclo da desgraça teatral e apoteótica!

Vamos entender uma coisa, o sol é para todos, mas a lua ficou para os adoradores do próprio Carnaval... Cantemos e haverá Carnaval tanto para os puros e os pecadores e, também, para aqueles, que esqueceram que o pobre existir é mamar nas tetas das vacas que voam na nossa fronte cheia de duvidas e de ingenuidade do doce e do amargor e cruéis somos demais para não ter fé deste e de algum desespero afã que alimente essa sede imortal...

Não que as vivências diárias não signifique nada para nós, mas para gostar de poesia é necessário ter que saber ser um idiota de alguma paixão conseguida nos vícios da própria alma carente lá no fundo das expressões da própria verdade nos olhos de quem não nos entende cara a cara, pois quem escreve poesia ainda não sabe viver realmente, mas todo poeta sincero em seu pranto cálido e de solidão na verdade ou quer matar cruelmente ou morrer das crueldades do amor...

Notório é a lua e os sonhos, mas na verdade não há...

Os brinquedos são carregados e depois viram fogueiras...

Os meninos sonham alto, mas só as meninas constroem escadas...

Nunca haverá? Nunca terminará? Nunca se sentiu? Não existiu carinho? Não soube os lobos? Não falaram as hienas? Não cantaram as estrelas? Não foi ouvida as galáxias? Não foi comido o frango? Não matou as formigas? Não desejou a freira? Não disse o padre? Não reclamou o pastor? Não chorou o rabino? Não amaldiçoou o monge? Não subiu o telhado? E a janta acabou? Como houve sangue nas núpcias? E os anjos caíram? Como reagiu as lagartixas? Houve guerra na casa? E haverá outra prova? E acontecerá outro por do Sol? E as ruas estão vazias? E a cobra morreu? E o cachorro brincou? E a menina dançou? E o inverno passou? E as trevas serão hoje? O monte tu subiu? E as canções são as mesmas? E o medo ainda aguardará? E tu ainda lê? E tu ainda chora? E tu ainda busca? Eu sou tu e tu sou eu, e sabemos que tu e eu somos a metade disto tudo, que não é nem tu nem eu, mas somente nós dois.

As estrelas houve... O diabo houve... O amor ainda vencerá as nossas guerras... E quando tudo for um montante de átomos e massa presa no sistema material e invisível em si mesmo construiremos uma dimensão de energia densa e vorazmente sutil para deixarmos de existir sem miragens essa é nossa eternidade singular num campo imperscrutável.

Onde existir o amor fruto daqueles que realmente gostam de sofrer para vivenciar um bem maior e santo nossa humanidade ainda que falha no tocante às imbecílidades desse jogo de ganhos e farsas o sistema mudará exaurido pela verdadeira bomba atômica que nos libertou do cativeiro do egoísmo e do vazio, porquanto onde o amor reinar não haverá nem eclipses nem solstício inaugurando algo velho e animalesco; veja! E contemplemos as auroras vindouras de ouro do nosso ar fresco, el Paraíso!

(...)

Na penumbra busquei um poema que realmente me desse um sentido para o quê eu estava sentindo e simplesmente descobri que esse poema não lido sou eu mesmo na minha solidão profunda, e realmente se eu for buscar na companhia de outro alguém (outro poeta) um poema verdadeiro de mim mesmo (nesse outro poeta), serei não um poema de mim mesmo e escrito, mas serei um mar bravio de tagarelices no outro (ser de poeta) que não entendendo esse poema tão íntimo de minh'alma buscará afogar-se em tantas histórias e lágrimas (de mim, pobre poeta?) que ainda não sou... Pois a poesia (esse eu) não morreu.

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 28/03/2019
Reeditado em 29/03/2019
Código do texto: T6610040
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