LUCIDEZ E LOUCURA (SINGAPURA) - Dois

Desliza no papel um barquinho em miniatura

Desafia os mares a caminho de Singapura

Carrega a esperança navega com bravura

Ao encontro do ser amado que há tanto procura

Sente pesar no espelho o tempo cruel tortura

Entre paredes brancas em perene clausura

É presa das sombras a tristeza em figura

Mãos reviram o mapa que leva a Singapura

Juventude ligeira partiu prematura

Restou insegura a mulher madura

A consumir diárias doses de amargura

Sem encontrar o rumo de Singapura

No silêncio do quarto ouve vozes murmura

O raciocínio lógico perdeu toda estrutura

Guarda ainda no olhar o amor e ternura

Ao despedir-se dele ao partir pra Singapura

Revira antigas fotos já quase sem textura

Para ajudar a sorte atrás da porta a ferradura

Por que é tão difícil chegar a Singapura

Onde ele a espera com sorriso e doçura

À lembrança aquela noite de ternura

Amor trocado farto de carinho e mesura

Entre elogios a sua beleza e formosura

Prometeu levá-la para ser feliz em Singapura

Disse das belezas que existiam em Singapura

Sonhou lua-de-mel hotel de luxo e fartura

Realizaria desejos a perder a compostura

Dançou nua nas nuvens e mais tanta travessura

Paixão em demasia é mal quase sem cura

Ideias insensatas beirando a loucura

Realidade insana em perturbadora mistura

Será que é diferente lá longe em Singapura

O amor exige atenção e jogo-de-cintura

Nem sempre chegarão rosas da floricultura

Não é necessário ir-se até Singapura

Nem qualquer inútil simpatia ou benzedura

Fechou a janela, conferiu a fechadura

Mapa às mãos seguiu estrelas na noite escura

Adormeceu confundindo lucidez e loucura

Viu na praia brilhar as luzes de Singapura

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 28/03/2019
Código do texto: T6609976
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