Barroco
aspiro a noite, extraviada por uma janela
a gentileza de uma árvore que estremece.
é barroco,
a lembrança de uma cerveja e uma casa
no deserto das lágrimas raras.
é preciso trocar inocências com elas
aflorar das mãos a ternura.
é preciso emprestar ao que se esvai o ombro
ou pedi-lo.
e quando a palavra se afastar
conduzir a mão até o lápis confessar
semear sem saber se é deserto, noite,
gesto ou palavra.
escrever para abafar a voz do peito
escrever para não perdê-la.