Barroco

aspiro a noite, extraviada por uma janela

a gentileza de uma árvore que estremece.

é barroco,

a lembrança de uma cerveja e uma casa

no deserto das lágrimas raras.

é preciso trocar inocências com elas

aflorar das mãos a ternura.

é preciso emprestar ao que se esvai o ombro

ou pedi-lo.

e quando a palavra se afastar

conduzir a mão até o lápis confessar

semear sem saber se é deserto, noite,

gesto ou palavra.

escrever para abafar a voz do peito

escrever para não perdê-la.

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 28/03/2019
Reeditado em 11/01/2023
Código do texto: T6609453
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