A NOITE xxx

A noite vai passando silenciosa.

As ruas estão desertas.

Somente a lua imperiosa observa.

Tudo e todos.

São poucos os veículos que trafegam

com seus motores ruidosos.

Quebram o silencio entorpecedor.

Interrompem sonhos.

Enfermos lamuriosos cobram um novo dia, ansiam a cura.

Amantes adentram a escuridão e se enroscam em segredos e em seus prazeres libidinosos.

Nas calçadas famintas sobre papelões divididos e lençóis enxovalhados o desprazer vigora.

O animal abandonado impiedosamente à boca da noite, fuça o lixo cerimoniosamente e aguarda a volta de quem ali o deixou.

Desta vez quem quebra o silencio é o breve assobio de alguém que cambaleando dobra a esquina.

A lua discreta observa os rabiscos que se formam sobre escrivaninhas solitárias, que em forma de desenhos mentais antes comprimidos se libertam e pousam sobre o papel, se transformando em poemas de amor ou de dor.

Assim a noite passa silenciosa pelas ruas desertas, esperando o surgimento do sol pronto pra desvirginá-la

Jorgely Alves Feitosa
Enviado por Jorgely Alves Feitosa em 27/03/2019
Código do texto: T6609047
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