A NOITE xxx
A noite vai passando silenciosa.
As ruas estão desertas.
Somente a lua imperiosa observa.
Tudo e todos.
São poucos os veículos que trafegam
com seus motores ruidosos.
Quebram o silencio entorpecedor.
Interrompem sonhos.
Enfermos lamuriosos cobram um novo dia, ansiam a cura.
Amantes adentram a escuridão e se enroscam em segredos e em seus prazeres libidinosos.
Nas calçadas famintas sobre papelões divididos e lençóis enxovalhados o desprazer vigora.
O animal abandonado impiedosamente à boca da noite, fuça o lixo cerimoniosamente e aguarda a volta de quem ali o deixou.
Desta vez quem quebra o silencio é o breve assobio de alguém que cambaleando dobra a esquina.
A lua discreta observa os rabiscos que se formam sobre escrivaninhas solitárias, que em forma de desenhos mentais antes comprimidos se libertam e pousam sobre o papel, se transformando em poemas de amor ou de dor.
Assim a noite passa silenciosa pelas ruas desertas, esperando o surgimento do sol pronto pra desvirginá-la