LUCIDEZ E LOUCURA (SINGAPURA)
Aflita procura no mapa por Singapura
O peso do tempo no espelho a tortura
As paredes brancas perene clausura
Presa nas sombras a brilhante figura
Imagina possível fazer sua releitura
Voltar ao período de luxo e fartura
Revira as fotos do baile de formatura
Talvez coloque um dia em uma moldura
Carrega no olhar ainda amor e ternura
Saudosa de quando inventava travessura
Costura ideias de viajar pra Singapura
Será muito difícil chegar em Singapura
No silêncio ouve vozes e murmura
Recolhe os desejos represados à censura
Dança nas nuvens faz uma mesura
Ah! Por que não perdeu a compostura
Quando era invejável sua formosura
A beleza se foi ligeira tão prematura
Hoje resta insegura imagem obscura
Consumindo doses diárias de amargura
O comandante jurou em noite de aventura
Num transatlântico levá-la pra Singapura
Quantos mares haverá até Singapura
Da vida aprendeu ter jogo de cintura
Fosse qual fosse o ritmo da partitura
Flutuava no palco com desenvoltura
Ao fim do show mil fãs a sua procura
Traziam-lhe todas as rosas da floricultura
Solitária no limite da lucidez e da loucura
Sente doer a cabeça em constante tontura
Realidade insana na memória a mistura
A dúvida cutuca e permanente perdura
Existiria mesmo essa tal Singapura?
Adormece na certeza que na manhã futura
Seu amor a despertará pleno de doçura
Deve ser assim lá em Singapura