Não me deixeis cair em armadilhas...
Que o tempo se desenrole, fugaz
tapete sob os pés das minhas descrenças...
Deixa-o ir, indômito, daqui àquele indefinível lugar...
Aqui farei amáveis coleiras para a felicidade
desenhando, com os lápis de cera da infância,
novas fontes e extraordinárias praças nas cidades
em que se arquitetou a lembrança dos enrijecidos ancestrais.


Os momentos são quanticamente infindos
mas, ainda assim, desdenhosos, tornam-se fumaça
pequenos mal-entendidos, elaboradas trapaças
nossos ponteiros e bichos de estimação.


Que eu não seja mero coadjuvante
da tragicomédia que alguém esboçou
desconhecendo-me como essência e redundância.


Ando tentando não cair em tentações, não provar
o vermelho da maça estigmatizada...
Meu pecado é meu descanso, onde repouso argumentos...
dispindo minha fé e meus inuteis compromissos...
Deixai-me livre das tentações de crer no que não sei
e faz-me livre, sêmen que semeia a Acádia,
amante recusado de Atena, mas homem,
ainda que forjado para ser anjo desmaiado. 

Crédito da imagem:  
https://vocaremarianos.wordpress.com/2011/09/23/provacao-ou-tentacao/