Anatomia de uma oração
meu bem meu bem
seus passos ainda não nasceram
escuto-os
e a porta sempre está brilhando em outra parte
no inverno, no teu peito, nesse bar.
no perigo da próxima esquina
a alma quase sufocando no seu copo
esconde sua sombra em alguma curva do vestido
numa cena de cinema
ou na intimidade cega de destino.
não sei se Deus quer
(mas) eu não quero que me perca
pelas vozes do rádio
sensação de desperdício
quero que a oração pise devagar
bastante até escorrer como um blues por toda casa
até ficar como é na minha cabeça
um ‘quase’ se afogar.