Poesia d'água

É tudo água:

a lágrima,

o rio que passa,

e já não é graça,

é só partir.

Nessas profundas águas

Navega a alma

Em dor,

o chororô,

orvalho, sangue e suor.

Água que leva, lava

alma marejada

como chuva aqui.

O mundo logo desaba,

é preciso fluir!

a alma permitir

mergulhar

travessias do existir.

E toda lágrima amarga

a rolar na face

passa a doce ser,

águas de bem querer.

Como chuvas de verão

outras lágrimas rolarão

lavando a alma

levarão a dor

restará um mar

uma fonte de amor,

de esperança,

a inundar a alma

tudo que lava

feito essa poesia d'água.

Paula Belmino