Diario de um bebedor de vinho
Eu que nunca ganhei uma queda de braço
Nunca ganhei o beijo acalorado da menina bonita de minha rua.
Sempre vejo do retrovisor as lutas
E eu nocauteado no chão.
A mulher que amei foi-se na garupa de sua sorte pra longe de minhas esperanças
Imerso em coágulos de sangue meu coração bate.
A canção que ouço me diz dos corações selvagens. ..
Mas até quando o relógio vai bater nesse árido jardim de flores murchas?
Pobre do Cristo que ressuscitou apenas uma vez; esse meu itinerário de brindar com a morte é maior que todas as 7 vidas do mais imorrivel gato.
Todas as minhas mortes inventadas trazem cicatrizes de um mundo mórbido, foram construídas com peças roubadas dos romances de final feliz; nada diz desse mundo real que só ouso confessar à minha alma.
Minha alma bamba, nessa corda em fogo, estendida sobre o rio das volúpias carnais. ....
Deixo-me cair só pra lambuzar-me de pecados capitais e ressuscitar ao terceiro gozos.
Gozar em pecados é tão intenso e tão falso quanto o vôo do suicida, que sem asas, põem-se a voar do 8¤ andar.
Eu que nunca ganhei uma queda de braço
Eu que não tenho asas eu quero voar....
Eu quero cortar minha corda bamba. ..
Eu quero mergulhar nas profundezas intocáveis do rio das volúpias sem medo de pecados
Eu quero presentear a mulher dos meus poemas que não escrevi com as pérolas azuis de ostras selvagens...
Eu que nunca ganhei uma queda de braço vou travar luta com São Jorge, eu quero a lua livre pra iluminar sem pudor as noites dos amantes.
Eu que nunca ganhei uma queda de braço desejo que esse vinho nunca acabe, amém! !