Flancos de mim
Amo meu tempo, meu cimento, meu útero
cada pedaço de mim vibra, atiça os céus
cada voz de mim revira o convés da paixão.
Amo meu legado, meus achados, meus retornos,
nas chagas aprumo meus sonhos,
nas topadas descubro novos flancos de mim.
Amo meus brilhos, minhas remelas, meus excessos,
nos medos arremedo as fronhas travessas,
nas geleiras da fé sacudo vãos estremecidos.
Amo meus pecados, até aqueles pouco farsantes,
nos palcos estiro todo sangue revolto,
nos cheiros desapegados escorro meus melhores chãos.
Amo meus furacões, até aqueles em gestação
nos porões cabisbaixos da alma acolho meus sonhos,
nas gargalhadas vingadas da vitória atraco meu sim.