Ô de casa II
as estrelas já não aguentam o peso da janela
roupas diferentes no varal, e o vento tão igual.
os canos de água vazam, perdem-se no mar.
cometas brincam no quintal,
seguindo migalhas de pão.
no interior da casa, as dobradiças da porta
vivem roendo você não estar...
as xícaras marcam seu batom por infinitas dinastias.
não me falta noite no céu,
nem destino de ponta cabeça.
faltam-me seus punhos dobrando
e a campainha tocar...
os pássaros cantarem aquarela de Brasília
o relógio? não tem mais como sangrar.
faltam ponteiros e você chegar
o chão adormecer seus passos.
ah, o tempo? vai esquecer de entrar.