Fragmentos 82 [Outra vez Angústia]

Os dias são eternidades

As noites não têm fim

Dói no peito, estremece por dentro

Mata aos poucos, sem alento.

Corrói fígado,

e nem se é Prometeu,

enquanto os dias se arrastam,

as noites transpassam como lança flamejante,

e nem se é Prometeu.

Angustia e esgana

Fustiga e enforca.

Não se mata de uma vez.

Como tortura,

a primazia é do sofrimento,

é tormento constante

e a noite, errante,

nunca chega sua vez.

As noites se arrastam,

os dias não têm fim.

A vida não passa.

E na efeméride

se acaba

sem passo,

sem deixar rastro

num ritmo obsoleto,

torturante,

sem se acabar de vez.