VEM!

VEM!

Vem criança, toma a minha mão

E vamos caminhar.

Vou, agora, te ensinar

Como a vida, saborear.

Vê, o sol já vai subindo

E a lua branca, parindo

Uma manhã radiosa.

Sente o perfume da rosa,

Do agapanto e do jasmim.

Pare, não ria de mim.

Vamos, nas nuvens, cavalgar,

Pelas campinas do céu.

Ouve a brisa no arvoredo.

Não tenha medo; é só o vento.

Compreende a beleza do universo,

Decantada, em prosa e verso.

Voa. Rumo ao zênite,

Ao ponto culminante

Eletrizante, do fim de tudo.

O astro caminha mudo

Ao seu destino.

Quanta magnitude tem o infinito.

E, no entanto,

O simples pranto de um infante,

Faz Deus se voltar para nós.

Ele se fez pequenino.

De Maria, nasceu menino,

Para o mundo salvar.

Se o Senhor que tudo pode,

Veio, no tempo de Herodes,

Uma lição quer pregar.

Não busque grandes feitos,

Não imponha teus direitos,

Não queira a guerra começar.

A vida simples, singela,

É um refrigério, uma alegria.

O nascer do sol, o pleno dia,

O ocaso e o anoitecer.

A nuvem branca, sua chuva verter,

Perfumando o ar de terra molhada.

A flor abriu. Já despetalada,

Deixa sua semente, nela fertilizar.

Do broto, nasce árvore frondosa

Que, à sua sobra generosa,

Cansados da nossa jornada,

Sentados, ficamos de prosa,

Esperando a madrugada chegar.

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 20/09/2007
Código do texto: T660320
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