pequeno pedaço extasiado
hei de tragar a noite quando ela corta o vestido
como uma faca inventada
feito água aparecendo no silencio das coisas
água negra, água grata.
quanto mais escura à noite, mais profunda as asas.
quero tanto me perder negra
como se morresse
esvaziada por todas as cores insensatas
pequeno pedaço extasiado
que sai da completa penumbra
e atravessa o oceano na ponta dos dedos,
atrás do carvão ondulado dos teus cabelos.
essa negra água,
tecendo com ferocidade,
a presença do nosso eco. sim, eu o serei.
em todos os pincéis perplexos e mudos.